“Para com o benigno, benigno te mostras; com o íntegro, também íntegro. Com o puro, puro te mostras; com o perverso, inflexível”. – Salmos 18:25-26
INTRODUÇÃO:
Mas porque Deus revelaria algo bom a uma pessoa e resistiria a outra?
Alguém, diante disso, poderia objetar: “Mas a Bíblia não diz que Deus
não faz acepção de pessoas?” É verdade! Esse princípio aparece tanto na nova
aliança (Rm 2:11), como na antiga aliança (Dt 10:17).
Contudo, isso não anula a lei da reciprocidade.
DESENVOLVIMENTO:
Voltando ao Salmo 18:25-26, citado há pouco, a qualquer um que
escolher andar em benignidade, Deus igualmente revelará sua benignidade; a
qualquer um que agir perversamente Deus se mostrará contrário. Não haverá
acepção de pessoas.
Um não terá mais privilégios quanto à revelação da benignidade do que
outro, embora desfrutar de uma intensidade diferente dessa revelação seja
possível e diretamente proporcional à intensidade que a pessoa manifestou em
sua atitude.
Certa ocasião, ouvi alguém dizer que o Senhor não faz acepção de pessoas,
mas faz acepção de atitudes. Concordo plenamente! Quando a Bíblia diz
que o Senhor se agradou de Abel (e da sua oferta), mas não se agradou de Caim
(e da sua oferta), o foco não estava em quem as pessoas eram, e sim no que
essas pessoas fizeram.
Essa é a razão de Deus questionar Caim: “Se procederem bem, não é
certo que serás aceito?” (Gn 4:7).
A aceitação estava relacionada com o proceder de Caim, e não com sua
pessoa. Por isso o Senhor também disse: “Se, todavia, procederes mal, eis
que o pecado jaz à porta” (Gn 4:7).
Em 2 Co 9:6 diz: “Lembrem-se: aquele que semeia pouco, TAMBÉM
colherá pouco, e aquele que semeia com fartura, TAMBÉM colherá fartamente”. A
palavra destacada TAMBÉM indica a mutualidade, a reciprocidade.
Uma pequena semeadura produz uma colheita pequena. Uma grande
semeadura produz uma colheita grande.
Deus não faz acepção de pessoas, o rico e o pobre são iguais aos olhos
de Deus, não há distinção entre eles.
Mas e a diferença entre o que colhe pouco e o que colhe muito?
O que se vê, nesse caso, não é acepção de pessoas, e sim de atitudes.
Quem escolheu quanto plantar foi o homem, e não Deus.
Quem provocou a colheita diferenciada foi o homem, e não Deus.
O criador apenas estabeleceu a lei espiritual, mas é o homem que
decide como vai usá-la. Deus não vai, de modo algum, anular essa lei da
reciprocidade, por Ele mesmo instituída, pois, se por um lado Ele não faz
acepção de pessoas, por outro, Ele o faz de atitudes.
É imperativo entender que nosso comportamento afeta o nosso
relacionamento com Deus.
Não estou dizendo que Deus seja volúvel e mude de acordo com as nossas
atitudes.
Temos de separar aquilo que Deus é, da forma que Ele interagirá
conosco.
Nosso comportamento não muda o que Deus é. A maior prova disso está na
declaração de Paulo a Timóteo: (2 Tm 2:13).
Ou seja, meu comportamento de infidelidade não muda o caráter da
fidelidade de Deus. Por quê? Porque Ele não pode negar a si mesmo. Então isso
não é contraditório? De forma alguma! Minhas atitudes não mudam o que Deus é,
mas afetam a maneira como Ele se revelará a nós.
Observe os versículos em (2 Tm 2: 11-12).
A lei da reciprocidade aparece claramente. Haverá mutualidade no
comportamento divino? Com certeza!
A infidelidade que leva o homem a negar a Deus gerará uma recíproca da
negação da parte de Deus para com o homem; isso é reciprocidade. A
diferença é que o comportamento humano está expressando quem o homem é,
enquanto a reação divina não está expressando quem Deus é; isso é identidade.
Esta é uma das maneiras do Senhor dizer aos homens: “O que vocês estão vivendo
não é, necessariamente, a minha vontade, tampouco a revelação de quem Eu sou.
Trata-se apenas das consequências das suas escolhas e atitudes”.
As pessoas confundem as coisas. Já vi gente dizendo que Deus não irá
revelar mais de si a uns do que a outros, tampouco abençoar mais a uns do que a
outros, uma vez que ama a todos igualmente. Mas o fato é que os resultados que
vivemos não são determinados de forma unilateral pelo Senhor.
Por exemplo, desde a antiga aliança, Deus revelou um princípio: obediência
atrai benção (Dt 28:1-14), e desobediência atrai maldição
(Dt 28:15-68). Não podemos responsabilizar Deus pelas bênçãos ou maldições que
as pessoas experimentam ao longo da narrativa bíblica (e ainda hoje
experimentam). O criador estabeleceu a lei espiritual, mas quem escolhe
provocar a benção por meio da obediência ou a maldição por meio da
desobediência são as pessoas, e não Deus!
CONCLUSÃO:
O fato de que todos são igualmente amados pelo Pai celestial (e
possuem o mesmo valor diante dEle), não nivela o relacionamento das pessoas com
Deus.
Os que são igualmente amados pelo Senhor podem viver diferentes níveis
de entrega e rendição em seu relacionamento com Ele.
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