sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

O CRISTÃO E A CREMAÇÃO DE CORPOS


O assunto “Cremação de corpos” desperta a curiosidade e o interesse de muitos cristãos.

Qual o posicionamento da Igreja Cristã Evangélica?

O que a Bíblia diz sobre o assunto?

Bom, o objetivo do presente ensaio é lançar luz sobre o tema.

O sepultamento é mais que um ato familiar. É um ato comunitário.
A Comunidade cristã é chamada a cuidar de seus doentes, de seus moribundos, de sepultar os mortos condignamente e de acompanhar os enlutados.
Como o sepultamento diz respeito a toda a Comunidade, deve-se dar especial atenção à participação desta Comunidade.

A esperança é o centro do sepultamento cristão. Ela é testemunhada em meio ao sofrimento e ao lamento diante da morte. Expressa-se nas leituras bíblicas, nos hinos, nas orações e principalmente na pregação.
Confessa-se, pois que Deus é o Senhor dos vivos e dos mortos; que a "comunhão dos santos" engloba os vivos e os que morreram em Cristo; que todos os presentes ao sepultamento estão caminhando em direção ao dia da ressurreição.

Assim a família e a Comunidade despedem-se da pessoa tirada de seu meio pela morte, na certeza de que Jesus Cristo ressuscitou e há de ressuscitar também a nós.

É nossa convicção que nada podemos fazer para influenciar a sorte das pessoas falecidas junto a Deus. Deus é soberano em seu juízo e em sua graça.

A forma de sepultamento é livre. Os familiares do/a falecido/a decidem sobre ela. A comunidade de fé respeita a decisão tomada e acompanha o sepultamento na forma escolhida.

Na Igreja cristã tem prevalecido a forma de enterro, onde o cadáver é devolvido à terra de que, conforme Gn 3,19, foi formado.

Mas é bom salientar que a cremação é, também, uma forma de devolução da pessoa à terra. Ela não contradiz os princípios cristãos, e sua prática tem aumentado muito no meio dos cristãos.

Há pessoas que se escandalizam com a cremação de uma pessoa falecida, ou que se sentem inseguros diante da decisão a tomar.

Neste caso é bom esclarecer que:

· A fé cristã não prescreve a forma de sepultamento; portanto, não existe um modo especificamente cristão deste ato;

· A escolha da forma de sepultamento faz parte do exercício da liberdade cristã;

· Dentro desta liberdade é lícito levar em consideração aspectos econômicos, higiênicos, de espaço físico, de distância geográfica ou outros, na opção por uma ou outra modalidade.

Quanto a possíveis objeções teológicas à cremação, convém lembrar:

· O receio de que a destruição do corpo impediria a ressurreição é infundado. Deus saberá recriar o que uma vez criou, mesmo que aos olhos humanos a pessoa falecida tenha desaparecido completamente;

· Quando, no início da Igreja cristã, mártires foram queimados/as e suas cinzas espalhadas ao vento ou na água pelos inimigos da Igreja, esta sempre afirmou que estes/as mártires, sem dúvida, participariam da ressurreição dos mortos.

· A cremação, pois, não se presta a demonstração anti-cristã. Ela não limita ou impossibilita a ação re-criadora de Deus.

O bom senso recomenda que as cinzas não sejam guardadas em casa, mas enterradas em local apropriado, para evitar que surja veneração de mortos/as ou que se criem amarras psicológicas e espirituais.

"Porque eu estou bem certo de que nem a morte, nem a vida, nem anjos, nem principados, nem cousas do presente, nem do porvir, nem poderes, nem altura, nem profundidade, nem qualquer outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus, que está em Cristo Jesus nosso Senhor." (Rm 8.38,39)

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