domingo, 31 de dezembro de 2023

18.02 A 24.02.2024 - MANANCIAL OU CISTERNA?

TEXTO: “Porque dois males cometeu o meu povo: a mim me deixaram, o manancial de águas vivas, e cavaram cisternas, cisternas rotas (rachadas), que não retêm as águas.” (Jr 2.13).

‘Não há nada que diga a verdade a nosso respeito como cristãos tanto quanto nossa vida de oração.” – Martyn Lloyd-Jones


INTRODUÇÃO:

Nos dias em que Deus liberou essa palavra por meio do profeta Jeremias, não havia água encanada e o povo dependia dos mananciais para a sua sobrevivência.

Contudo, tanto pela falta de mananciais (que não eram encontrados em qualquer lugar) como pelo comodismo de não precisarem buscar água todos os dias, as pessoas passaram a usar cisternas.

A cisterna era um reservatório de águas das chuvas, e era muito prática, uma vez que, pelo fato de armazenar água, ela evitava o esforço da caminhada diária em busca de uma fonte.

Essa era uma realidade comum a todos os povos da antiguidade, razão pela qual Deus escolheu justamente essa figura para ilustrar a verdade espiritual que o seu povo tanto necessitava ouvir e entender.

 

DESENVOLVIMENTO:

·         CISTERNAS ROTAS: O Senhor chamou de rotas as cisternas que o seu povo vinha cavando, enfatizando que elas não podiam armazenar água. Estamos falando da diferença entre beber da fonte ou de um reservatório. Portanto, nessa comparação que o Senhor fez, a conclusão é uma só: Quem bebe da fonte tem a água, ao passo que quem tenta fazer uso do reservatório acaba ficando sem ela! Muitos de nós achamos que é possível “driblar” o princípio da busca diária e tentamos “encher os nossos reservatórios” nos cultos semanais. Há pessoas que durante toda a semana não oram, não adoram, tampouco leem a Bíblia, mas acham que frequentar um culto é suficiente para mantê-las abastecidas. Por que preferimos encher as nossas cisternas, em vez de irmos diariamente à fonte? Talvez seja por mero comodismo, mas o fato é que temos falhado numa área vital do nosso relacionamento com o Pai celestial. Ninguém sobrevive de estoques em sua vida espiritual. Não existe uma espécie de “crente camelo”, que enche o tanque e suporta quarenta dias de caminhada no deserto! Entretanto, muitos de nós agimos como se isso fizesse parte da nossa realidade. Essa ideia de beber da fonte é usada por Deus em toda a Bíblia. Creio que isso serve para cultivar em nós uma mentalidade correta com relação ao nosso relacionamento com ele. (Jo 4:10, 13, 14; 7:37-38) e (Ap 7:17; 22:17).

 

·         A BUSCA DIÁRIA: Deus espera que o busquemos todos os dias. Isso me parece bem claro na oração modelo que Jesus nos ensinou: (Mt 6.11). E quanto ao dia seguinte? Devemos voltar a buscar o Senhor a cada novo dia (Mt 6.34). Quando o Senhor Jesus nos ensinou a depender de Deus para a nossa provisão, ele não quis dizer que deveríamos simplesmente ficar sentados e esperar. Ao contrário, percebemos que o caminho bíblico proposto é o de irmos ao Senhor em oração diariamente. Há uma relação entre esse ensino do Senhor Jesus e o que aconteceu nos dias de Moisés com relação ao maná, o pão do céu. Vemos que, depois que a nação de Israel deixou o Egito e saiu pelo deserto em direção a Canaã, eles se encontraram em grandes dificuldades para obter o seu próprio alimento, uma vez que, em viagem, não tinham tempo nem condições de plantar e colher. O resultado foi o envio da provisão divina e diária do maná: (Êx 16:4). A cada novo dia, os israelitas tinham que se levantar em busca do pão. Deus queria que fosse exatamente assim: (Êx 16: 19-21). O que temos aqui não é apenas uma lição de dependência, mas inclui também os parâmetros divinos segundo os quais o povo deveria relacionar-se com o Senhor. Aparentemente, era isso o que acontecia no jardim do Éden, onde Deus visitava os seus filhos diariamente (Gn 3.8). Observe a desobediência deliberada e imediata dos israelitas. O Senhor claramente os advertiu de não estocar o maná para o dia seguinte. Ele prometeu uma nova porção a cada novo dia. Ainda assim, eles lhe desobedeceram e tentaram fazer reservas para o dia seguinte. Por quê? Para não terem que se preocupar em buscar o maná todo dia. Isso é comodismo. Não há como trabalhar com estoques no que diz respeito à presença de Deus. Devemos buscá-lo a cada novo dia. O que experimentamos dele num dia não elimina a necessidade de continuar a buscá-lo no dia seguinte. Como registrou o profeta Jeremias, falando da misericórdia do Senhor, elas renovam-se cada manhã (Lm 3.23). Não que ela tenha prazo de validade. As “cotas” do que Deus nos disponibiliza é que são liberadas diariamente para que sempre voltemos à fonte. Há uma renovação diária não só das misericórdias divinas, mas do nosso ser interior. Paulo declarou aos coríntios: ... mesmo que o nosso homem exterior se corrompa, contudo, o nosso homem interior se renova de dia em dia (2Co 4.16). E essa renovação é automática? Não! Ela só é alcançada ao buscarmos o Senhor.

 

CONCLUSÃO:

Decida hoje mesmo a investir em seu relacionamento diário com o Senhor e a fazer disso a sua fonte de águas vivas.

Não se deixe levar pelo desejo de cavar para você mesmo uma cisterna rota que não retém as águas.

Chegar ao ponto crucial da busca ao Senhor, onde nada mais importa, envolve tanto a intensidade como a frequência.

Não pode haver, em nosso relacionamento com Deus, somente um desses elementos.