TEXTO: Atos 20:24 - Porém em nada considero a vida preciosa para mim mesmo, contanto que complete a minha carreira e o ministério que recebi do Senhor Jesus para testemunhar o evangelho da graça de Deus.
“Se você não está pronto para morrer por uma causa, então você não está pronto para viver por ela.” – Martin Luther King Jr.
INTRODUÇÃO:
Hoje em dia, a gente fala sobre o que arde no coração de Deus,
enfatiza a necessidade de os perdidos receberem a salvação, exalta a grandeza
do ministério e, ainda assim, parece ser tão difícil despertar as pessoas para
responder ao chamado divino.
O volume de gente disposta a servir a Cristo tem sido cada vez menor.
E olha que, proporcionalmente falando, a igreja de hoje é muito maior
que a de quase quatro décadas atrás!
Por que a resposta ao chamado ministerial, especialmente no que tange a missões mundiais, tem se tornado cada vez mais rara?
DESENVOLVIMENTO:
Um dia desses, quando eu questionava o Senhor sobre o porquê desse
baixo nível de resposta da igreja, o Espírito Santo falou comigo. Uma frase
veio forte, eu arriscaria dizer “quase gritada”, ao meu coração: “Vidas
valiosas demais!”
Imediatamente veio, também, ao meu coração, a seguinte passagem
bíblica: (At 20:24). Em outras palavras, ele estava dizendo que não considerava
a sua vida como valiosa ou estimada demais. É óbvio que não estou falando de
não amar a si próprio ou não dar valor à vida. Estou falando de valorizar mais
o propósito de Deus do que a própria vida! O segredo daqueles que se doam ao
reino de Deus é a sua capacidade de não darem mais valor à vida em si do que à
razão dela.
O espantoso é quando avaliamos, dentro do seu contexto, o que o apóstolo aos gentios disse: E qual é o contexto dessa afirmação? Encontramos isso nos versículos que precedem sua declaração: (At 20:22-23). Uau! Que declaração! Atualmente, quando desafiamos as pessoas a pregar o evangelho, lembrando e encorajando-as acerca do galardão vindouro, da recompensa eterna, já é difícil gerar resposta. Imagine, então, quão difícil seria se déssemos a elas a mesma garantia que Paulo tinha de que o que lhe aguardava eram cadeias e tribulações! O que leva alguém, à semelhança do apóstolo, a encarar esse tipo de desafio? Como alguém chega a esse ponto de topar qualquer coisa pelo chamado? A chave pode ser encontrada na frase em nada considero A VIDA PRECIOSA para mim mesmo.
O segredo de quem se entrega totalmente a Deus e ao seu reino é a sua
capacidade de não valorizar a própria vida acima do chamado divino. Era isso
que movia o apóstolo Paulo. Ele era norteado pelo seu propósito, pelo seu
chamado.
Como dizia Myles Munroe: “A maior tragédia na vida não é a morte. É
uma vida sem propósito”. Ao longo dos
séculos, os cristãos que fizeram diferença tinham algo em comum: a renúncia e a
abnegação. Eram crentes que não amavam sua própria vida mais do que ao Senhor.
Estavam dispostos a sacrificar-se pelo bem maior, o chamado de Deus, a
missão a ser cumprida. Sei que a nossa natureza carnal e egoísta tem a
inclinação de lutar contra a autonegação. É o instinto de sobrevivência, diriam
alguns. Não temos, necessariamente, que vivenciar uma grande emoção, um
sentimento arrebatador, para chegar a essa dimensão de entrega.
O que precisamos é compreender alguns valores e princípios bíblicos.
PELO QUE VALE VIVER? Muitos mártires morreram pela fé ao longo dos
séculos. Por quê?
Porque a exigência feita para que lhes fosse permitido continuar a
viver era negar sua fé em Cristo. E imagino que a primeira coisa que eles,
nessa hora, devem ter pensado foi algo parecido com isto: “Vale a pena viver
depois de ter negado a Cristo?” E, penso eu, a resposta seria: “Claro que não!”
A própria lógica, e não necessariamente a emoção, os remeteria à seguinte
conclusão: “É melhor morrer do que viver fora do propósito de Deus!” Qual é o
grande valor da nossa vida? O que torna a vida significativa? O que faz dela
algo pelo qual vale a pena se viver? É uma vida que agrada a Deus, que nos leva
a experimentar o cumprimento do nosso propósito. A própria Palavra de Deus nos
ensina que há coisas pelas quais não vale a pena viver. Observe, por exemplo, o
que Jesus falou acerca dos escândalos: (Mt 18:6-7). Não há como esperar um
cristianismo sem escândalos. Cristo disse que é inevitável que eles aconteçam.
Porém, embora ele deixe claro que não dá para evitá-los na vida coletiva, na
história da cristandade, é possível evita-los em nossa vida pessoal. E a razão
– uma muito boa razão – que nosso Senhor nos dá para evitar tais escândalos é a
sua declaração (eu diria um tanto quanto assustadora): melhor lhe fora que se
lhe pendurasse ao pescoço uma grande pedra de moinho, e fosse afogado na
profundeza do mar. Sério? É isso mesmo que Jesus estava querendo dizer? Que
seria melhor suicidar-se do que servir de escândalo?
Sim, goste você ou não, foi exatamente isso que ele falou. Entenda que
eu não estou fazendo apologia ao suicídio e tampouco pode se dizer que Cristo
tenha feito isso. As consequências do suicídio são graves, é algo muito sério.
Portanto, ninguém pode dizer que essa é uma sugestão dada pelo Messias. O que
ele estava dizendo era o seguinte: “Se você cogita a possibilidade de viver
para servir de escândalo e, além de arruinar a sua própria vida, vai fazer
tropeçar muitos dos meus pequeninos, seria melhor prejudicar só a si mesmo”. Ou
seja, o juízo para quem serve de escândalo é pior do que o juízo para quem se
mata. Encontramos nos versículos posteriores ao que estamos analisando o mesmo
tipo de conselho. Observe: (Mt 18:8-9). O que é sugerido aqui? Que se corte o
pé ou a mão? Que se arranque um olho? Não! A orientação é sobre não pecar!
E para demonstrar a seriedade e importância de observar essa orientação, bem como ajudar a tomar a decisão correta, Cristo mostra que seria melhor, ou menos grave, optar pela perda menor. Embora sábio mesmo seja não escolher nem um nem outro.
CONCLUSÃO:
Há coisas pelas quais não vale a pena viver. E viver para si, em vez
de para o Senhor, certamente está entre elas.
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