TEXTO: “Porque dois males cometeu o meu povo: a mim me deixaram, o manancial de águas vivas, e cavaram cisternas, cisternas rotas (rachadas), que não retêm as águas.” (Jr 2.13).
‘Não há nada que diga a verdade a nosso respeito como cristãos tanto
quanto nossa vida de oração.” – Martyn Lloyd-Jones
INTRODUÇÃO:
Nos dias em que Deus liberou essa palavra
por meio do profeta Jeremias, não havia água encanada e o povo dependia dos
mananciais para a sua sobrevivência.
Contudo, tanto pela falta de mananciais (que
não eram encontrados em qualquer lugar) como pelo comodismo de não precisarem
buscar água todos os dias, as pessoas passaram a usar cisternas.
A cisterna era um reservatório de águas das
chuvas, e era muito prática, uma vez que, pelo fato de armazenar água, ela
evitava o esforço da caminhada diária em busca de uma fonte.
Essa era uma realidade comum a todos os
povos da antiguidade, razão pela qual Deus escolheu justamente essa figura para
ilustrar a verdade espiritual que o seu povo tanto necessitava ouvir e
entender.
DESENVOLVIMENTO:
·
CISTERNAS ROTAS: O Senhor chamou de rotas as cisternas que o
seu povo vinha cavando, enfatizando que elas não podiam armazenar água. Estamos
falando da diferença entre beber da fonte ou de um reservatório. Portanto,
nessa comparação que o Senhor fez, a conclusão é uma só: Quem bebe da fonte tem
a água, ao passo que quem tenta fazer uso do reservatório acaba ficando sem
ela! Muitos de nós achamos que é possível “driblar” o princípio da busca diária
e tentamos “encher os nossos reservatórios” nos cultos semanais. Há pessoas que
durante toda a semana não oram, não adoram, tampouco leem a Bíblia, mas acham
que frequentar um culto é suficiente para mantê-las abastecidas. Por que preferimos
encher as nossas cisternas, em vez de irmos diariamente à fonte? Talvez seja
por mero comodismo, mas o fato é que temos falhado numa área vital do nosso
relacionamento com o Pai celestial. Ninguém sobrevive de estoques em sua vida
espiritual. Não existe uma espécie de “crente camelo”, que enche o tanque e
suporta quarenta dias de caminhada no deserto! Entretanto, muitos de nós agimos
como se isso fizesse parte da nossa realidade. Essa ideia de beber da fonte é
usada por Deus em toda a Bíblia. Creio que isso serve para cultivar em nós uma
mentalidade correta com relação ao nosso relacionamento com ele. (Jo 4:10, 13,
14; 7:37-38) e (Ap 7:17; 22:17).
·
A BUSCA DIÁRIA: Deus espera que o busquemos todos os dias.
Isso me parece bem claro na oração modelo que Jesus nos ensinou: (Mt 6.11). E
quanto ao dia seguinte? Devemos voltar a buscar o Senhor a cada novo dia (Mt
6.34). Quando o Senhor Jesus nos ensinou a depender de Deus para a nossa
provisão, ele não quis dizer que deveríamos simplesmente ficar sentados e
esperar. Ao contrário, percebemos que o caminho bíblico proposto é o de irmos
ao Senhor em oração diariamente. Há uma relação entre esse ensino do Senhor
Jesus e o que aconteceu nos dias de Moisés com relação ao maná, o pão do céu.
Vemos que, depois que a nação de Israel deixou o Egito e saiu pelo deserto em
direção a Canaã, eles se encontraram em grandes dificuldades para obter o seu
próprio alimento, uma vez que, em viagem, não tinham tempo nem condições de
plantar e colher. O resultado foi o envio da provisão divina e diária do maná:
(Êx 16:4). A cada novo dia, os israelitas tinham que se levantar em busca do
pão. Deus queria que fosse exatamente assim: (Êx 16: 19-21). O que temos aqui
não é apenas uma lição de dependência, mas inclui também os parâmetros divinos
segundo os quais o povo deveria relacionar-se com o Senhor. Aparentemente, era
isso o que acontecia no jardim do Éden, onde Deus visitava os seus filhos
diariamente (Gn 3.8). Observe a desobediência deliberada e imediata dos
israelitas. O Senhor claramente os advertiu de não estocar o maná para o dia
seguinte. Ele prometeu uma nova porção a cada novo dia. Ainda assim, eles lhe
desobedeceram e tentaram fazer reservas para o dia seguinte. Por quê? Para não
terem que se preocupar em buscar o maná todo dia. Isso é comodismo. Não há como
trabalhar com estoques no que diz respeito à presença de Deus. Devemos buscá-lo
a cada novo dia. O que experimentamos dele num dia não elimina a necessidade de
continuar a buscá-lo no dia seguinte. Como registrou o profeta Jeremias,
falando da misericórdia do Senhor, elas renovam-se cada manhã (Lm 3.23). Não
que ela tenha prazo de validade. As “cotas” do que Deus nos disponibiliza é que
são liberadas diariamente para que sempre voltemos à fonte. Há uma renovação
diária não só das misericórdias divinas, mas do nosso ser interior. Paulo
declarou aos coríntios: ... mesmo que o nosso homem exterior se corrompa,
contudo, o nosso homem interior se renova de dia em dia (2Co 4.16). E essa
renovação é automática? Não! Ela só é alcançada ao buscarmos o Senhor.
CONCLUSÃO:
Decida hoje mesmo a investir em seu
relacionamento diário com o Senhor e a fazer disso a sua fonte de águas vivas.
Não se deixe levar pelo desejo de cavar para
você mesmo uma cisterna rota que não retém as águas.
Chegar ao ponto crucial da busca ao Senhor,
onde nada mais importa, envolve tanto a intensidade como a frequência.
Não pode haver, em nosso relacionamento com
Deus, somente um desses elementos.
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