segunda-feira, 5 de junho de 2017

O CRISTÃO E A DOAÇÃO DE ÓRGÃOS


Na ausência de uma abordagem evangélica sobre o tema, tomamos a iniciativa de pensar um pouco sobre o assunto.
Acho válido que se iniciem ensaios e debates sobre o tema e que tenhamos a coragem de encarar os desafios dos tempos modernos que nos atropelam com assuntos controvertidos, envolvendo convicções espirituais e requerendo de nós alguma posição, com vistas a nortear o povo evangélico.
Com a Lei n.º 9.434 de 04/02/97, que trata da DOAÇÃO PRESUMIDA DE ÓRGÃOS, para fins de transplante, somos forçados a declarar em nossas Carteiras de Identidade e Carteira Nacional de Habilitação a nossa decisão quanto o ser ou não doadores de órgãos e tecidos.
A doação de órgãos e tecidos é vista por grande parte da humanidade como um ato de solidariedade e caridade, até com expectativa de, quem sabe..., uma retribuição com bênçãos no além.
O Conselho Permanente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, reunido em Brasília nos dias 24 a 26 de setembro de 2008, saiu na frente e divulgou uma nota esclarecendo a posição da Igreja Católica sobre a doação de órgãos de pessoas com morte encefálica comprovada. “Vemos na doação voluntária de órgãos um gesto de amor fraterno em favor da vida e da saúde do próximo. É uma prova de solidariedade, grandeza e espírito de nobreza humana”, afirma a nota assinada pelo presidente da CNBB, dom Geraldo Lyrio Rocha, e pelo secretário geral da entidade, dom Dimas Lara Barbosa.
Os bispos recordam que a posição da Igreja está expressa no Catecismo da Igreja Católica que classifica como “legítima e meritória” a doação gratuita de órgãos após a morte. Lembram que esta mesma posição é assegurada também pela encíclica Evangelium vitae. “A doação de órgãos não contraria à fé cristã na ressurreição final, pois “Deus dá vida aos mortos e chama à existência o que antes não existia” (Rm 4,17)”, sublinha a nota.
A CNBB incentiva às pessoas e as famílias “a que – livre, conscientemente e com a devida proteção legal – doem órgãos como gesto de amor solidário em consonância com o evangelho da vida”. Chamam a atenção, no entanto, para respeito aos princípios éticos que devem orientar esta prática. “A doação de órgãos exige rigorosa observância dos princípios éticos que proíbem a provocação da morte dos doadores, a comercialização e o tráfico de órgãos”.
A Bíblia diz em 1 João 3:16-18 o seguinte: “ Nisto conhecemos o amor: que Cristo deu a sua vida por nós; e devemos dar nossa vida pelos irmãos. Ora, aquele que possuir recursos deste mundo, e vir a seu irmão padecer necessidade, e fechar-lhe o seu coração, como pode permanecer nele o amor de Deus? Filhinhos, não amemos de palavra, nem de língua, mas de fato e de verdade.”
Penso que a doação de órgãos não contraria a fé cristã, muito pelo contrário, todos aqueles que se dispõem a doar órgãos aos irmãos, tenham a certeza de que estão praticando um lindo gesto de amor cristão.

Pr. Ednaldo Breves


ALGUMAS ORIENTAÇÕES IMPORTANTES

Doar órgãos é um ato de amor e solidariedade. Quando um transplante é bem sucedido, uma vida é salva e com ele resgate-se também a saúde física e psicológica de toda a família envolvida com o paciente transplantado. No Brasil, atingimos a marca de aproximadamente 70.000 pessoas (2007) aguardando por um transplante. Essas vidas dependem da autorização da família do paciente com morte encefálica comprovada autorizar a doação. Um gesto que pode transformar a dor da morte em continuidade da vida.Embora o Brasil seja considerado modelo no número de transplantes realizados, o número de doadores continua abaixo do necessário. Apesar do crescimento em 2008 ocorrido após 2 anos de queda e 1 ano de estagnação em 2007, passamos de 5,4 doadores por milhão de população(pmp) para os atuais 7,2 pmp. Segundo o Registro Brasileiro de Transplantes, divulgado pela ABTO, essa taxa ainda não supera a obtida no ano e 2004 que foi de 7,3 pmp.

Em paises como a Espanha, essa relação chega a 35 pmp. A Argentina registra o número de 12 pmp. Muitas ONGs espalhadas pelo território nacional se propõem a incentivar a doação e levar a informação correta à população sobre Transplantes de Órgãos e Tecidos.

Através da informação poderemos alterar esses dados. Quanto mais a população se conscientizar da importância de se tornar um doador, menor será a angustiante fila de espera por órgãos.Dentro desse universo existe uma outra realidade que é a do transplante pediátrico. Se para o adulto a espera por um doador é difícil, imaginem quando o paciente é uma criança. O número de doadores em potencial reduz significativamente as chances da efetivação do transplante.Existem hoje no Brasil, diversas Associações Médicas, ONGs e movimentos independentes que trabalham incansavelmente para melhorar esse panorama.

DÚVIDAS MAIS FREQUENTES

O que podemos doar?

Um único doador pode beneficiar até 25 pessoas! Ou melhor, 25 vidas! No entanto, os transplantes mais comuns são assim classificados:
Órgãos: coração, fígado, rim, pâncreas, pâncreas/rim, pulmão, intestino e estômago.
Tecidos: sangue, córnea, pele, medula óssea, dura máter, crista ilíaca, fáscia lata, patela, costelas, ossos longos, cabeça do fêmur, ossos do ouvido, safena, válvulas cardíacas.

Damos abaixo uma lista de órgãos e tecidos que são utilizados para transplantes:

Córneas (retiradas do doador até 6 horas dpc e mantidas fora do corpo por até 7 dias);
Coração (retirado do doador apc e mantido fora do corpo por no máximo 6 horas);
Pulmão (retirados do doador apc e mantidos fora do corpo por no máximo 6 horas);
Rins (retirados do doador até 30 minutos dpc e mantidos fora do corpo até 48 horas);
Fígado (retirado do doador apc e mantido fora do corpo por no máximo 24 horas);
Pâncreas (retirado do doador apc e mantido fora do corpo por no máximo 24 horas);
Ossos (retirados do doador até 6 horas dpc e mantidos fora do corpo por até 5 anos).
Medula óssea (se compatível, feita por meio de aspiração óssea ou coleta de sangue);
Pele;
Valvas Cardíacas.

dpc - depois da parada cardíaca
apc - antes da parada cardíaca

Como posso me tornar um doador de órgãos?

O passo principal para você se tornar um doador é conversar com a sua família e deixar bem claro o seu desejo. Não é necessário deixar nada por escrito. Porém, os familiares devem se comprometer a autorizar a doação por escrito após a morte. A doação de órgãos é um ato pelo qual você manifesta a vontade de que, a partir do momento da constatação da morte encefálica, uma ou mais partes do seu corpo (órgãos ou tecidos), em condições de serem aproveitadas para transplante, possam ajudar outras pessoas.

O que é morte encefálica?

É a morte do cérebro, incluindo tronco cerebral que desempenha funções vitais como o controle da respiração. Quando isso ocorre, a parada cardíaca é inevitável. Embora ainda haja batimentos cardíacos, a pessoa com morte cerebral não pode respirar sem os aparelhos e o coração não baterá por mais de algumas poucas horas. Por isso, a morte encefálica já caracteriza a morte do indivíduo. Todo o processo pode ser acompanhado por um médico de confiança da família do doador. É fundamental que os órgãos sejam aproveitados para a doação enquanto ainda há circulação sangüínea irrigando-os, ou seja, antes que o coração deixe de bater e os aparelhos não possam mais manter a respiração do paciente. Mas se o coração parar, só poderão ser doadas as córneas.

Quais os requisitos para um cadáver ser considerado doador de órgãos?

Ter identificação e registro hospitalar;
Ter a causa do coma estabelecida e conhecida;
Não apresentar hipotermia (temperatura do corpo inferior a 35ºC), hipotensão arterial ou estar sob efeitos de drogas depressoras do Sistema Nervoso Central;
Passar por dois exames neurológicos que avaliem o estado do tronco cerebral. Esses exames devem ser realizados por dois médicos não participantes das equipes de captação e de transplante;
Submeter-se a exame complementar que demonstre morte encefálica, caracterizada pela ausência de fluxo sangüíneo em quantidade necessária no cérebro, além de inatividade elétrica e metabólica cerebral;
Estar comprovada a morte encefálica. Situação bem diferente do coma, quando as células do cérebro estão vivas, respirando e se alimentando, mesmo que com dificuldade ou um pouco debilitadas.
Observação: Após diagnosticada a morte encefálica, o médico do paciente, da Unidade de Terapia Intensiva ou da equipe de captação de órgãos deve informar a família de forma clara e objetiva que a pessoa está morta e que, nesta situação, os órgãos podem ser doados para transplante.

Quem recebe os órgãos e/ou tecidos doados?

Quando é reconhecido um doador efetivo, a central de transplantes é comunicada, pois apenas ela tem acesso aos cadastros técnicos com informações de quem está na fila esperando um órgão. Além da ordem da lista, a escolha do receptor será definida pelos exames de compatibilidade entre o doador e o receptor. Por isso, nem sempre o primeiro da fila é o próximo a receber o órgão.

Como garantir que meus órgãos não serão vendidos depois da minha morte?

As centrais de transplantes das secretarias estaduais de saúde controlam todo o processo, desde a retirada dos órgãos até a indicação do receptor. Assim, as centrais de transplantes controlam o destino de todos os órgãos doados e retirados.
Disseram-me que o corpo do doador depois da retirada dos órgãos fica todo deformado. Isso é verdade?
É mentira. A diferença não dá para perceber. Aparentemente o corpo fica igualzinho. Aliás, a Lei é clara quanto a isso: os hospitais autorizados a retirar os órgãos têm que recuperar a mesma aparência que o doador tinha antes da retirada. Para quem doa não faz diferença, mas para quem recebe sim!

Posso doar meus órgãos em vida?

Sim. Também existe a doação de órgãos ainda vivo. O médico poderá avaliar a história clínica da pessoa e as doenças anteriores. A compatibilidade sangüínea é primordial em todos os casos. Há também testes especiais para selecionar o doador que apresenta maior chance de sucesso. Os doadores vivos são aqueles que doam um órgão duplo como o rim, uma parte do fígado, pâncreas ou pulmão, ou um tecido como a medula óssea, para que se possa ser transplantado em alguém de sua família (até 4º grau) ou até um amigo (Neste caso é necessário uma autorização judicial).Este tipo de doação entre vivos, só acontece se não representar nenhum problema de saúde para a pessoa que doa.


Para doar órgãos em vida é necessário:
  • Ser um cidadão juridicamente capaz;
  • Estar em condições de doar o órgão ou tecido sem comprometer a saúde e aptidões vitais;
  • Apresentar condições adequadas de saúde, avaliadas por um médico que afaste a possibilidade de existir doenças que comprometam a saúde durante e após a doação;
  • Querer doar um órgão ou tecido que seja duplo, como o rim, e não impeça o organismo do doador continuar funcionando;
  • Ter um receptor com indicação terapêutica indispensável de transplante;
  • Ser parente de até quarto grau ou cônjuge. No caso de não parentes, a doação só poderá ser feita com autorização judicial;

Órgãos e tecidos que podem ser doados em vida: Rim;
Pâncreas;
Medula óssea (se compatível, feita por meio de aspiração óssea ou coleta de sangue);
Fígado (apenas parte dele, em torno de 70%);
Pulmão (apenas parte dele, em situações excepcionais).


Quem não pode doar?
  • Pacientes portadores de insuficiência orgânica que comprometa o funcionamento dos órgãos e tecidos doados, como insuficiência renal, hepática, cardíaca, pulmonar, pancreática e medular;
  • Portadores de doenças contagiosas transmissíveis por transplante, como soropositivos para HIV, doença de Chagas, hepatite B e C, além de todas as demais contra-indicações utilizadas para a doação de sangue e hemoderivados;
  • Pacientes com infecção generalizada ou insuficiência de múltiplos órgãos e sistemas;
  • Pessoas com tumores malignos com exceção daqueles restritos ao sistema nervoso central, carcinoma basocelular e câncer de útero e doenças degenerativas crônicas.
FONTE: http://www.gabriel.org.br/doacaodeorgaos.html#

2 comentários:

Unknown disse...

Concordo plenamente que a doação de órgãos pode prolongar a linha da vida de muitos pacientes no Brasil e no mundo inteiro. É tudo uma questão de solidariedade.

Eu entendo a Doação de Órgãos como uma questão de solidariedade e amor ao próximo, totalmente, pois somente agindo assim podemos nos abster do egoísmo de pensar na nossa perda e enxergar a vida que pode continuar para várias pessoas. Estava pesquisando pelo assunto e encontrei esse site ai: www.doevida.com.br

Ta rolando informação sobre isso inclusive na TV. É um tema muito interessante mesmo, além da importância que tem para a vida daqueles milhões de pessoas que aguardam por uma ajuda na enorme fila de espera da Doação de Órgãos.
Eu apoio a doação e inclusive já avisei na minha casa. Alguns concordam, outros não, mas a minha vontade deixei clara e eles disseram que irão respeitar. Não levamos nada dessa vida. E o que deixamos é exclusivamente o que fazemos pelos outros. Eu apoio essa causa.

Abraços
Daniella de Sá

Unknown disse...

Eu entendo a Doação de Órgãos como uma questão de solidariedade e amor ao próximo, totalmente, pois somente agindo assim podemos nos abster do egoísmo de pensar na nossa perda e enxergar a vida que pode continuar para várias pessoas. Estava pesquisando pelo assunto e encontrei esse site ai: www.doevida.com.br

Ta rolando informação sobre isso inclusive na TV. É um tema muito interessante mesmo, além da importância que tem para a vida daqueles milhões de pessoas que aguardam por uma ajuda na enorme fila de espera da Doação de Órgãos.
Eu apoio a doação e inclusive já avisei na minha casa. Alguns concordam, outros não, mas a minha vontade deixei clara e eles disseram que irão respeitar.

Não levamos nada dessa vida. E o que deixamos é exclusivamente o que fazemos pelos outros. Eu apoio essa causa.

Abraços
Daniella de Sá